Cancro do Pulmão

Entrevista a Dra. Bárbara Parente, Médica de Pneumologia Oncológica do Hospital Cuf Porto

1. O Cancro do Pulmão é considerado dos cancros mais frequentes e mortais em Portugal. Quais são os fatores de risco e os principais sintomas do cancro do Pulmão?

O principal fator de risco continua a ser o hábito tabágico, embora outros possam ser responsáveis, como o radom e os asbestos, sendo estes fatores ainda potenciados pelo tabaco; também os nossos estilos de vida como a alimentação a vida sedentária, e a carga genética são fatores a ter em consideração.

Os principais sintomas do cancro do pulmão, como a tosse, toracalgia, expectoração com sangue, quebra de estado geral, cansaço fácil e falta de ar, muitas vezes não são específicos sendo comuns a outras patologias; tardios na grande maioria dos casos, sendo uma das razões para o diagnóstico em Estadios já avançados numa percentagem elevada de doentes. No entanto uma tosse com mais de 15 dias de evolução e sem resolução à vista carece de esclarecimento e deve levar o doente a procurar o seu médico assistente, particularmente se tiver hábitos tabágicos e mais de 45 anos.


2. É importante estar atento a estes sintomas e fazer um diagnóstico precoce para o sucesso dos tratamentos?

Sem dúvida. O diagnóstico precoce é fundamental, porque quanto mais precoce o diagnóstico maior a probabilidade de sobrevida. O tratamento cirúrgico, o único ainda potencialmente curativo, só é efetuado em cerca de 15-20% dos doentes, sendo que a grande maioria dos doentes chega numa fase avançada e, portanto, com necessidade do recurso a terapêuticas não cirúrgicas.


3. Os avanços da investigação científica têm possibilitado tratamentos inovadores no caso do cancro do pulmão, nomeadamente através das terapêuticas dirigidas e da imunoterapia? Em que doentes já são utilizadas estas novas terapias?

Precisamente, estes tratamentos atualmente, são usados só em doentes em Estadios avançados, e vieram revolucionar as terapêuticas efetuadas até então, melhorando de uma forma extraordinária não só a sobrevida, como a sua qualidade de vida. Temos vindo a assistir, de uma forma sustentada e progressiva, inicialmente com as terapêuticas alvo e nos últimos anos com a Imunoterapia, a um aumento de sobrevida e de qualidade de vida, que faz com que o cancro do pulmão, muitas vezes se tenha vindo a tornar numa doença crónica.


4. No contexto atual quais as novidades mais recentes para o tratamento destes doentes?

As últimas novidades no tratamento do cancro do pulmão, têm sido no campo das terapêuticas alvo o uso de técnicas de biologia molecular cada vez com mais diferenciadoras, que têm permitido utilizar fármacos cada vez mais personalizados, resultando em tratamentos pouco agressivos e muito eficazes; a Imunoterapia, até agora só usada na doença avançada ou metastizada, com respostas extraordinárias do doente ao tratamento e sobrevidas aos 5 anos nunca antes alcançadas nesta fase da doença, será num futuro muito próximo uma realidade como terapêuticas adjuvantes em estadios mais localizados. O futuro vai passar sem dúvida pela Imunoterapia que veio mudar radicalmente o paradigma do cancro do pulmão.


5. Porque são importantes iniciativas como a Maratona da Saúde que sensibilizam para esta doença e financiam a investigação científica em Portugal?

Iniciativas como a Maratona da Saúde, são muito Bem Vindas, porque divulgam, alertam e consciencializam a população não só para os fatores de risco da doença, atuando na área da prevenção por um lado, como também alertam para a necessidade de um diagnostico precoce, melhorando o nível de conhecimento sobre a doença e contribuindo para o aumento da sobrevida. A investigação que tem sido efetuada nos últimos anos revelou-se fundamental na posterior abordagem terapêutica ao doente e respetivos êxitos, que já se fazem sentir atualmente.

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